Coração bandido
Ah! Meu coração,
Esse órgão guardado dentro do peito.
Não sei o que fazer com esse sujeito,
Pelo resto do corpo não tem consideração.
Não quer simplesmente cumprir com sua função,
Que é bater, bater e bater,
Tem sempre que inventar, se intrometer,
E ainda quer no final ter razão.
Aliás, acho eu, que ele gosta é de apanhar,
Masoquista por natureza,
Apanha que é uma beleza,
Porque cisma em se apaixonar.
Não tem mais idade para isso,
O cretino deve mesmo gostar de sofrer,
Não procura junto ao cérebro, a memória rever.
Ainda vai falhar em serviço.
E nessa empreitada não está só,
Tem nos olhos, ajuda externa,
O da direita e o da esquerda,
Assim não dá, tenham dó.
Se o corpo fosse um fortim,
Isso seria uma insurreição,
E se fosse uma embarcação,
Seria um motim.
E estando apaixonado,
Vive com taquicardia,
Quando percebe de noite ou de dia,
O objeto pelo qual vive alucinado.
E num instante torna-se ausente
Parte todo feliz,
Como quem diz,
Ao menos morri contente,
J Carlos Favoretto
15 Abril 2004
Da serie: Meu Coração, esse Perverso
quinta-feira, 15 de maio de 2008
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