domingo, 3 de junho de 2007

Amigos





Amigos


Aos poucos, os amigos vão desaparecendo.
Como sangue de uma artéria rompida.
Às vezes, de forma lenta, quase indolor,
Quase.
Outras, como dores de infarto.
Tão instantânea quanto morte súbita
Que nos colocam defronte do Criador.
Estas, especiais, que nem mesmo chamamos de amizades.
Comum mesmo é a forma lenta.
A carta que não vem.
O celular que não toca.
A falta de retorno do e-mail pessoal.
Perguntas sem resposta, que se dissolvem no ar.
Nem mesmo compartilhar a alegria,
Por saber que estão se ajeitando,
Por terem encontrado um amor.
Parece que obedecem a uma ordem cíclica,
Assim como marés,
Aparecem, enchem a praia, e se vão.
A nova maré não será com as mesmas águas,
Trará novos segredos, novas conchinhas.
E no refluxo, levarão suas novidades.
Ah! Que saudade de certas marés com luar,
Acompanhadas de brisa e ondas.
Como hoje estou praiano no meu escrever,
Diria que, como gaivotas,
Deslizam rente a areia até desaparecerem de vista.
Vez ou outra aparece uma nova a seu lado.
Não serão iguais.
E nem sabemos quanto tempo ficarão por ali,
Até partirem e sumirem no horizonte.
Mas como gaivotas, marés ou como sangue,
Não podem ser retidos,
Devem cumprir seu destino.


J Carlos Favoretto
28 Dezembro 2006

Da serie: Textos



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2 comentários:

Lilica Mora Aqui disse...

Favo querido, posso roubar esse texto?

beijos

|Renata_Emy| disse...

Nossa que lindo!!!

Adorei!