Imagens: Liam Kemp
Dá para imaginar o trabalho que deu para se chegar a esse nível de imagem.
Anos atrás, mais precisamente em 1979, estavamos esperando o início das aulas e jogando conversa fora. Era um pessoal de engenharia.
Lembro que houve uma invasão de calculadoras HP, e a de mais sucesso eram as HP33; custavam o olho da cara. Quem estava bem equipado tinha ainda uma máquina de escrever com esfera da IBM; nessa época, comprei uma Olivetti mecânica monstruosa para os trabalhos escolares. FAX? O que era isso? Computador pessoal era um sonho distante (computadores existiam e eram coisas monstruosas e com linguagem ininteligível - aprendiamos FORTRAN IV - e o computador do Mack usava cartões perfurados).
E estavamos lá, discutindo a respeito de nossos trabalhos, das facilidades ou dificulades que cada um tinha em apresentar as coisas de uma maneira limpa e com o mínimo de erros.
Eu não lembro quem comentou que, se fosse possível criar uma máquina que tivesse a capacidade de cálculo de nossas HPs e a facilidade das IBMs, nossa vida seria muito facilitada. E fomos melhorando o "projeto da máquina", até o momento que um japonês (esqueci o nome de quase todo o pessoal) saiu com "e se desse para a gente transmitir tudo isso pela linha telefônica"... Todo mundo, inclusive ele, caiu na risada. "Agora você exagerou vamos para a aula".
A conversa acabou ali, não lembro de mais nenhum forum desse nível. No ano seguinte começaram a aparecer os primeiros micros com linguagem BASIC, acho que o primeiro do mercado foi o Microdigital TK82C, e na sequência houve uma enxurrada de máquinas de diversos fabricantes. Eu ainda guardo um TK90 em linguagem BASIC.
Mesmo quando entrei para o meu primeiro trabalho em empresa de engenharia, 1985, o computador pessoal era ainda uma coisa enigmática, "decifra-me ou te devoro". Lembro que nessa empresa tinham 2 ou 3 Aplles, usava-se o MagicWindows (nada a ver com o Windows de agora), e obrigatoriamente para usá-los havia de se conhecer algumas dezenas de comandos.
Usavamos para realizar os bancos de dados dos projetos, computadores da IBM, os terminais eram em fósforo verde e deviam pesar tanto quanto um rinoceronte (fui muito bom naquilo).
E não caiam da cadeira, eu vi o início dos primeiros modems para transmissão de dados via linha telefônica serem usados; era acoplado o fone no modem, ele transformava os sinais do IBM em ruido (não riam) e mandavam para o outro modem. Nossa primeira experiência foi com uma obra na Bahia. Houve muitas falhas na transmissão. Se conversar pelo telefone naquela época já era difícil, imaginem com dados sendo transformados em ruido e o modem do outro lado da linha gritando "como? não entendi, repete".
Mas tudo isso são sinais dos tempos, o importante é não se assustar com eles.
E viva a tecnologia.
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