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Nós trabalhávamos com engenharia e montagem industrial. Até aí nenhuma novidade.
Nessa época, estávamos instalados no interior de São Paulo, tínhamos uma área grande de fabricação e premontagem. Contratávamos pessoal da redondeza e caso alguém viesse de outras áreas, haviamos alugado uma casa para abrigar o pessoal.
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Eu estava fazendo a premontagem do que iria ser instalado em uma obra e precisava de mais pessoal. O colega que estava no campo mandou algumas pessoas.
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Quando você trabalha com gente durante certo tempo , você cria um "olho crítico", é olhar para a pessoa e saber se serve ou não. Raramente se erra. E eu não gostei de um tal de Cícero... Nem eu, nem ninguém. O cara era encrenca, pura inconveniência.
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Certa manhã, o supervisor entrou no almoxarifado e disse que não dava para ficar com o sujeito. Fácil de resolver, pé no traseiro. Chamei meu colega que cuidava da burocracia e disse para dispensá-lo. Ele vinha através de uma empresa que terceirizava mão de obra, então era simples.
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O administrativo chamou o Cícero e o informou que ele estava sendo dispensado. O cara saltou da cadeira e disse que iria matar o soldador...
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"Você entendeu? Não? Nem nós".
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Ficamos sabendo depois, que eles haviam discutido por causa de café na noite anterior dentro da casa alugada... E ele achou que o soldador havia falado qualquer coisa e por isso ele estaria sendo dispensado. Anta de tênis.
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Voltando...
- Eu vou matar aquele fdp... Porque eu mato, ninguém me segura... blábláblá.
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O administrativo tentou falar com ele, e o que recebeu foi um: "pois eu mato você também".
- Eu você não mata, porque eu vou é chamar a policia.
- Pode chamar os estadual, os federal, ninguém me segura.
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A coisa estava virando circo, juntando gente, e esse pessoal é difícil de controlar quando tem plateia. Chamei ele de lado e tentei conversar com o sujeito:
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- Ô Cícero, veja o que você está falando, matar, pra que toda essa violência?
- Eu vou matar aquele fdp, estou perdendo meu emprego por causa dele.
- Cara, ninguém está entendendo nada aqui, você... (e o sangue subindo)
- Nem precisa entender, vou acabar com ele...
Nesse ponto não deu mais para aguentar, falei alto e rápido, olhando feio para o sujeito:
- Escuta aqui, você entra aqui, enche o peito e diz que vai matar este ou aquele, quem você pensa que é? Alguém te deu autorização para matar alguém aqui dentro? (Juro que eu disse essa m...).
- N... não.
- Então cala essa boca, senta ali e aguarde até o administrativo te chamar para você assinar os papeis.
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Quem ouviu, saiu rápido para não cair na risada na frente do sujeito. Eu virei as costas e fui para o escritório, passei pelo administrativo e disse: "trás logo a policia, porque quando ele entender a m... que eu disse, ele vai querer matar nós dois".
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O cara sumiu, antes da policia chegar e nunca mais ouvimos falar na peste.
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Um comentário:
Caraca, vou te contratar para selecionar pessoas para mim. Eu ainda não consigo "bater os olhos" e ter essa sensibilidade, vivo contratando Cíceros que eu tenho vontade de matar. beijos Lilica
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