domingo, 5 de setembro de 2010

Brincando de roxinho

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Dia Sete de Setembro.
Dia Cívico.
Dia de desfile
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Como eu detestava os desfiles de Sete de Setembro.
Em plena era do "Brasil, celeiro do mundo", "Brasil, ame-o ou deixe-o", "Brasil, país do futuro", nós desfilávamos no Sete de Setembro. Todos voluntários, aqueles que não fossem voluntários provavelmente teriam as cabeças arrancadas feito camarões. O arranjo era pensado pela diretora da escola, cujo sobrenome alemão não deixava dúvidas quanto a sua queda pelo regimão do tio Adolf.
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Tínhamos de estar presentes antes das sete da matina, todos uniformizados. O uniforme era aquele arranjo: camiseta manga curta, short curto, meia e tenis, tudo branco.
Lembro de um desfile em especial, eu iria completar meus doze anos, lá na fila do lado direito, com toda aquela vestimenta curta e branca, eu tão branquelo quanto a roupa... Na teoria, porque a pele estava roxa de frio, tão roxa que uma senhora parou a meu lado e comentou com o marido: "coitadinho, está até roxo de tanto frio".
Além do frio, tive de aguentar a gozação da garotada. Não lembro quanto tempo durou aquela agonia, mas lembro perfeitamente dessa cena.
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