domingo, 19 de agosto de 2007

A entrevista

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Lá pelo ano de 1982, eu estava a caça de um estágio.

Fiz uma inscrição no CIEE e ao mesmo tempo xeretava pelas empresas a procura do famigerado estágio obrigatório...

O CIEE me chamou para uma entrevista... Horário marcado, etc.

Fiz a besteira de pegar aquele subidão do lado direito do estádio do Palestra... A ideia era descer a Consolação. Parou. Parou mesmo, há poucos metros para entrar na outra avenida e o semáforo não abria.

Eu vi dois garotos conversando alegremente com um adulto, o sujeito fez sinal para os meninos oferecerem as balas e chicletes que estavam vendendo...

O garoto veio até o meu carro, e no caminho sua feição mudou, chegou na janela e "tio, compra um chiclete..."

Eu já estava atarantado com o possível atraso e aquele teatro me deixou mais p... ainda.

Mas educadamente respondi "não, hoje não".

"Ah compra, vai?"

"Não, hoje não".

"Eu tenho troco, posso trocar até $100" (não me perguntem qual era a moeda na época, mas $100 de qualquer unidade monetária era muito dinheiro para esperar troco por alguns cicletes).

"$100? Você troca $100?" Me emputeci de vez com aquela conversa. "Não tenho dinheiro".

"Não tem?" O pequeno monstro retornou ao que era e saiu da minha janela. "Então tá".

E eu aflito com a m... do semáforo que não abria, tomei um susto quando o safado voltou repentinamente e disse "POBRE" e saiu correndo.

E a m... do semáforo abriu, minha vontade era de largar o carro ali mesmo e descer correndo atrás do peste.

É só comigo que acontecem essas coisas?
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2 comentários:

Anônimo disse...

Numa fase de minha vida fiquei com um carro por muitos anos..
Mas, cuidadosa que sou, o carro estava inteiraço/novinho..
Um dia no farol da Faria Lima com Rebouças, um conhecido garotinho que ali cresceu com sua irmazinha, puxou papo perguntando qual o ano do meu carro..
Qdo respondi ele disse com o maior orgulho... que meu carro era muuuito mais velho que o de seu pai..
Obviamente nem ousou oferecer balinhas! rsss
Beijo
Lucila

Guardião disse...

Eu parei de dar dinheiro ou "ajudar" em semáforos há muito tempo atrás.

Certa vez eu parei em um, e duas crianças estavam contando dinheiro no chão...

Elas tinham muito mais do que eu tive naquela semana...

Dar dinheiro a esse pessoal não os ajuda a mudarem de vida.