sábado, 26 de julho de 2008

Coisas de meu pai - Direto do blog antigo

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Cunhados
Essa era contada pelo meu pai e o tio Aristeu:
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Meu pai teve uma Norton em Mil Novecentos e Bolinha. Contaram que certa vez estavam voltando de algum lugar não especificado, meu pai pilotando e o tio Aristeu na garupa, instigando meu pai a ir mais rápido. Havia chovido.
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- Vai mais rápido ou tua irmã me mata...
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- Com esse piso molhado, está perigoso.
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- Perigoso é lidar com tua irmã.
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- Certo.
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E não fizeram uma curva, o tio Aristeu ficou no asfalto quase sem o joelho e meu pai foi parar com a moto no meio do mato.
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Ele levantando a moto ainda funcionando e o outro mancando e reclamando...
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- Você em vez de me ajudar fica cuidando da moto.
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- Eu avisei.
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Nem precisa dizer que talvez fosse melhor terem ficado no caminho em vez de enfrentar minha tia.
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Coisas de cunhados.
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É como dizia um primo já falecido: "Se cunhado fosse coisa boa não começaria com essas duas letras".
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A Norton
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Em 1980 houve um "Salão do Automóvel Antigo", nem precisa dizer que eu estive lá. Pena que não tinha uma máquina decente e que eu não fosse menos tímido e mais xeteta que hoje.
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Havia algumas motocicletas também, e lembro que meu pai ficou olhando para uma Norton Manx 500.
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- Eu tive uma dessas. Era uma tremenda máquina para a época.
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Ele ficou lá admirando a moto por algum tempo. E me saiu com essa:
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- Uma das melhores... Mas como era feia!!!!!!!!!!!
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O alicate
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E estavam, meu pai, o tio Aristeu e mais um sujeito que ninguém nunca lembrava o nome, os três (não eram os Três Patetas) consertando um caminhão.
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E o tal sujeito que se achava muito engraçado assustou o meu pai e ele se machucou, na segunda vez que aconteceu, meu pai o avisou de que se fizesse novamente iria tomar o alicate na cabeça.
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Dito e feito, fez e levou.
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Quando quis reclamar, ouviu dos dois, que havia sido avisado.
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Aprendi a nunca duvidar do meu pai.
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Aprendendo a não reclamar
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Certa vez, depois de duas semanas de provas, meu pai foi me buscar no Mack. Eu estava tão cansado depois de ter saido da última prova e ter passado pela aula de educação física, estavamos descendo a Av. Rebouças, eu com os pés descalços apoiados no painel do carro, paramos no semáforo.

"Semana dura?"

"Foi, não poderia ter sido pior".

"Ah é? Então olha para o carro ao lado".

"Ah não! Isso não".

Dois travestis mal barbeados no taxi ao lado do nosso carro, me encarando... Ele tinha razão, podia ser pior.
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