domingo, 5 de setembro de 2010

A arte do ilusionismo

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Minha amiga Lilica postou Os hospitais e seus políticos onde ela questiona o porque dos políticos marcarem ponto no Hospital Sírio Libanês e não nos hospitais públicos de seus estados.
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Talvez eu tenha a resposta, porque nos hospitais públicos tem gente comum sendo atendida no padrão para gente comum, na velocidade que o excesso de pacientes impõe, na falta de recursos humanos, tecnológicos, físicos, administrativos, que o sistema dispõe.
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Não estou inventando. Semana retrasada entrei no setor de triagem da Santa Casa com minha mãe antes das 7:00 da manhã de uma Terça-feira com uma anemia brava, passou pelo médico que a ouviu e a encaminhou para o PS; ficamos até animados; lá seria, na teoria, feitos os exames que ela necessitava para saber o motivo da anemia. Detalhe, chegamos ali por conta que duas semanas antes já haviamos passado pelo PS da Santa Casa, e passamos cerca de sete horas para que ela fosse examinada e recebesse uma bolsa de sangue, na sequência foi encaminhada para o setor de triagem.
Das 8:30, quando entrou no PS, foi retirado uma amostra de sangue as 10:00, com retorno as 15:00 onde o médico plantonista nos avisou que ela deveria receber uma bolsa de sangue devido a contagem de glóbulos vermelhos. Ok
As 22:00 voltaram a retirar mais uma amostra de sangue para tipagem, ela foi receber a primeira bolsa depois de Meia noite, saimos de lá as 3:30 da Quarta-feira.
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Isso no mesmo espaço onde estavam pessoas acidentadas, pelo menos dois pacientes com hepatite, um dos quais estava derretendo lentamente a olhos vistos, pessoas com os mais diversos tipos de distúrbios. Tive a oportunidade de ficar mais de 20 horas acompanhando o sofrimento alheio. Tudo muito deprimente, apavorante, desesperançoso.
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Não adiantava reclamar, espernear, ou usar de outros verbos.
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No nosso caso, fomos informados que os exames não seriam feitos ali, ela deveria retornar para a unidade em que foi atendida na entrada do dia anterior, pedi ao menos que conseguissem as guias para que eu fizesse os exames por meio de meu convênio (que só serve para isso), não podiam, como eram PS qualquer guia seria para exames feitos no próprio PS, e eles só emitiam quando a pessoa corresse risco de morte.
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Tudo muito burocrático, lento, intransigente, mal administrado, burro mesmo.
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Por isso nossos políticos não frequentam esses lugares, tem gente comum ali com problemas comuns. E isso eles não querem encontrar pela frente.
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Um comentário:

Lilica Mora Aqui disse...

Pois é, Guardião, convênio médico cobra bastante e pagamentos pontuais, mas na hora de usar você vê os problemas. Não pode isso, aquilo, consulta só para daqui 40 dias etc...